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O BATISMO OU A PLENITUDE DO ESPIRITO SANTO? - PARTE 02

06/03/2016 11:18

O BATISMO E A PLENITUDO DO ESPIRITO SANTO

A doutrina do batismo do Espírito Santo, para ser devidamente compreendida, deve ser estudada, como as demais doutrinas bíblicas, dando-se atenção à sua evolução histórica, às circunstâncias que determinaram os acontecimentos relacionados com ela, e aos termos pelos quais a própria Bíblia a define e aplica.

Vamos dividir o assunto em três partes.

 

1º O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO PROFETIZADO E PROMETIDO

A primeira alusão ao batismo do Espírito Santo é feita por João Batista em forma profética, e se acha nos quatro Evangelhos.

Mateus 3: 11. “Eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu... ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”.

Marcos 1: 8. “Eu, em verdade, vos batizo com água; ele porem, vos batizará com o Espírito Santo”.

Lucas 3: 16. “Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu... esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”.

João 1: 33-34. “Eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo. E eu vi, e tenho testificado que é o Filho de Deus”.

João foi e ficou sendo chamado Batista porque foi o profeta do batismo. Sua pregação foi acompanhada e confirmada pelo simbólico batismo com água em sinal de arrependimento e em preparação para o recebimento do Messias; foi ele quem aplicou esse mesmo batismo simbólico ao próprio Jesus quando este quis identificar-se com os pecadores afim de poder cumprir por eles toda a justiça, e foi ele quem profetizou que Jesus administraria um batismo superior ao seu, batismo não simbólico, mas real, o batismo do Espírito Santo. É a primeira noção que aparece dessa doutrina.

Quando mais tarde Jesus ensinava aos discípulos o valor da oração e a boa vontade do Pai em lhes conceder todas as coisas boas que lhe pedissem, proferiu esta promessa, a que ainda mais tarde alude como “a promessa do Pai que de mim ouvistes”: “E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á: buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á... Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”. Lucas 11: 9-13. Aqui não se emprega a palavra batismo. Parece, porém, razoável crer que Jesus se referisse ao batismo do Espírito Santo juntamente com todos os outros aspectos de sua vinda especial como se realizou no Pentecostes, visto que o Espírito Santo como agente do novo nascimento já tinha neles exercido sua renovadora influência. Foi a esses discípulos que criam nele, a quem, por conseguinte, fora dado o poder de se tornarem filhos de Deus (João 1: 12-13), e a quem Jesus ensinara a dirigir-se a Deus como filhos a um Pai, que ele fez essa valiosíssima promessa. Debalde, porém, procuraremos encontrar esses discípulos a pedir ao Pai celestial essa dádiva tão preciosa, e não menos debalde buscaremos vê-la cumprida durante o ministério terrestre do Senhor.

Assim chegamos a uma terceira etapa nas predições concernentes ao batismo do Espírito Santo. Não o tendo os discípulos pedido nem recebido, Jesus mesmo agora, na véspera de sua morte, promete-lhes: “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador para que fique convosco para sempre, o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós” (João 14: 16-17).

Notemos as verdades mais salientes deste texto antes de passarmos adiante. Primeiro que tudo, é notável a substituição da recomendação — pedi — da passagem anteriormente citada, pela declaração: “Eu rogarei”. Já não são mais os discípulos quem tem de pedir; porque Jesus mesmo se encarrega de rogar e obter. Em segundo lugar, contrasta-se o mundo, que não pode receber o Espírito Santo, com os crentes — “vós” — que o conhecem e em quem ele há de estar. Este contraste é sempre mantido no Novo Testamento, e nunca um contraste entre crentes que tenham recebido o Espírito Santo e crentes que o não tenham recebido. Segundo Jesus, ao passo que nenhum descrente pode receber o seu Espírito, nenhum crente pode deixar de o receber e de o ter permanentemente residindo em seu coração. Vemos, em terceiro lugar, as duas atitudes do Espírito Santo em relação aos discípulos, antes e depois de sua prometida vinda como Paráclito. Antes ele estava com eles, pois presidia a todo o ministério de Jesus; mas depois estaria neles, residindo em seus corpos, que se tornariam em santuários de Deus.

Avancemos para outro marco. Depois de ressuscitado, Jesus se manifestou aos discípulos por espaço de quarenta dias. “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos 1: 4-5). Esta ordem de Jesus confirma a promessa anterior, de que ele mesmo é que ia rogar ao Pai que lhes enviasse o Paráclito; define a natureza dessa vinda como sendo o batismo do Espírito Santo profetizado por João e simbolizado no seu batismo d’água; e determina o lugar e o tempo em que esse batismo se havia de realizar, isto é, em Jerusalém e dentro de poucos dias.

Lançando agora um olhar retrospectivo, vemos que a profecia de João Batista deu lugar a uma promessa do Pai à disposição dos discípulos que orassem; esta cedeu lugar a uma incumbência de Jesus, que promete pedir ele mesmo e obter do Pai a vinda do Paráclito divino; e, por fim, o mesmo Jesus instrui aos discípulos quanto ao tempo e ao lugar em que iam receber essa benção do céu. Suponhamos que algum desses discípulos, em vez de esperar em Jerusalém, se retirasse para a Galiléia e reunisse outros crentes, alegando a promessa de Lucas 11: 13, e se pusessem a orar e a pedir com instâncias, com rogos, com lágrimas, com jejuns, com êxtases, com todas as desordens nervosas a que está sujeita a sensibilidade humana quando dominada por uma ideia fixa. Que diríamos desse discípulo? Que era um insensato, e que estava se desencaminhando a si mesmo e aos outros da única maneira legítima de receber a bênção.

Felizmente os discípulos do Senhor souberam seguir a natural evolução da doutrina, passando de Lucas 11: 13 para João 14: 16-17 e daí para Atos 1: 4-5. O cumprimento da promessa que tinha dependido de eles pedirem o Espírito Santo, agora não mais dependia deles, e sim de Jesus pedir e o enviar da parte do Pai, e já agora estava tudo tão certo e definido que eles sabiam quando e onde devia se realizar a promessa.

É como a vinda de Jesus ao mundo. A princípio ele foi prometido como a “semente da mulher”, de maneira que qualquer mulher, em qualquer tempo e em qualquer lugar do mundo podia esperar ser a mãe do Redentor. Mais tarde a promessa é restrita à “semente de Abraão”, depois ele tem de vir da descendência de Isaque, depois é da linhagem de Jacó e não de Esaú, é da tribo de Judá, da casa de Davi, tem de nascer de uma virgem, em Belém de Judá, quatrocentos e tantos anos depois do cativeiro babilônico e nos dias em que ainda existisse o segundo templo de Jerusalém. Quando chegou o tempo determinado, tudo se cumpriu como estava predito e já nenhuma mulher neste mundo tem base para esperar dar à luz o Filho de Deus, porque isso já se efetuou como e quando estava predito que se efetuaria. De igual modo, a vinda do Espírito Santo para habitar na terra, no coração de cada crente, foi um acontecimento definido e único, marcado para um tempo e um lugar e realizado quando e onde estava predito que se realizaria, e isto naquele memorável dia de Pentecostes em Jerusalém; e ninguém tem mais base alguma para pedir a Deus e esperar um novo Pentecostes. A denominação de Pentecostal dada a qualquer movimento de tal natureza é falsa e antibíblica.

 

2º O BATISMO DO ESPIRITO SANTO DEFINIDO

No dia de Pentecostes se realizou a vinda do Espírito Santo. Essa vinda foi a mudança temporária de sua residência do céu para a terra, onde ele veio habitar em cada coração crente, e significou, como já vimos, um selo, um penhor, uma unção e um batismo, além do fato declarado de haver ele naquele dia enchido a todos quantos se achavam sentados na casa. Daí se segue que procedem precipitadamente os que concluem, sem mais estudos do assunto, que todos os fenômenos daquele dia são inseparáveis do batismo do Espírito Santo. O que nos convém fazer é indagar nas Escrituras, deixando que elas mesmas nos digam em que consiste o batismo do Espírito Santo, assim como já nos mostraram em que consiste o selo, o penhor e a unção.

(1) A definição

O apóstolo Paulo nos diz com suficiente clareza em que consiste o batismo do Espírito Santo, tornando o assunto ainda mais claro por meio de uma ilustração. Abramos a Primeira Epístola aos Coríntios no capítulo 12 e leiamos os vs. 12 e 13. “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em[1] um Espírito, formando um corpo”.

De que se ocupa o apóstolo nestes dois versículos? Da unidade de Cristo com seu corpo místico constituído de todos nós que nele cremos.

Como ilustra ele esse ponto? Comparando-o com um corpo humano, em que há muitos membros ou muitas partes, mas todos constituem um só corpo.

Como é que ele explica a formação do corpo? “Todos nós fomos batizados com um Espírito, formando um corpo”.

Daí se conclui, necessariamente, o seguinte:

a) Visto que Paulo não diz que precisamos ser batizados, nem que devemos ser batizados, nem que o podemos ser, e sim que fomos batizados, claro está que esse batismo com o Espírito é um fato já realizado em relação ao crente, e não alguma coisa que ele deva procurar ainda conseguir. A confusão que fazem os propagandistas de um novo Pentecostes no uso dos tempos dos verbos é uma indicação segura do erro em que laboram. Quando os apóstolos de Cristo escreviam aos crentes sobre este assunto, diziam que eles já tinham sido batizados com o Espírito Santo, ao passo que os apóstolos do erro vêm admoestando os crentes a que orem pedindo esse batismo.

b) Visto que Paulo diz que todos nós fomos batizados com o Espírito Santo, claro está que não havia então nem há hoje crentes que estejam sem ser batizados com esse Espírito. E observe-se cuidadosamente a quem é que o apóstolo escreve e de quem é que fala. Não é aos fiéis tessalonicenses, nem aos bondosos filipenses, nem aos espirituais efésios, mas aos carnais coríntios (3: 1). Quando ele diz: todos nós fomos batizados, inclui alguns que eram culpados de vil imoralidade, de litígios contra irmãos perante os tribunais pagãos e de comer viandas sacrificadas aos ídolos. Sem excluir estes, o apóstolo diz: “Todos nós fomos batizados com um Espírito, formando um corpo” (w. Grahasn. Soroggie). Por conseguinte, o batismo do Espírito Santo não indica haver o crente atingido a um alto grau de espiritualidade, mas apenas sua posição em Cristo.

c) Dizendo Paulo que “fomos batizados com um Espírito, formando um corpo”, fica explicado em que consiste o batismo do Espírito Santo. É o ato pelo qual o Espírito Santo nos une ao corpo místico de Cristo, de modo que ficamos fazendo parte dele, como o pé ou a mão fazem parte do corpo humano (v. 15). Não é geralmente reconhecido, mas é verdade que a ideia fundamental de batizar, nas Escrituras, é unir, identificar, tornar um. Quando os israelitas atravessaram o Mar Vermelho miraculosamente aberto e viram perecer afogados os seus perseguidores egípcios que tinham saído para os destruir, tiveram pela primeira vez os seus corações verdadeiramente unidos ao de Moisés em sua atitude para com o Egito e para com Deus, atitude que Moisés assumira quarenta anos antes. O cap. 14 do Êxodo, que narra esse acontecimento, encerra-se com a afirmação: “E creram no Senhor e em Moisés, seu servo”. Paulo, querendo indicar como o povo se identificou com Moisés nessa transação, diz: “E todos foram batizados em Moisés na nuvem e no mar” (1 Co. 10: 2).

(2) A confirmação

Vejamos agora outros textos nas epístolas que confirmam a definição acima, isto é, que o batismo do Espírito Santo consiste em ele nos unir ao corpo místico de Cristo, que é sua Igreja Invisível.

Gl. 3: 27-28. “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem gentio, não há servo nem livre, não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo”. Embora não se diga aqui expressamente que este batismo é com o Espírito Santo, claro fica que outro qualquer processo não batiza em Cristo, nem nos reveste de Cristo, nem desfaz as nossas diferenças nacionais e sociais, tornando-nos um em Cristo. Isto posto, vemos que este texto confirma o anterior.

1º Em dizer que os crentes já foram batizados em Cristo;

2º Em mostrar que esse batismo consiste em unir todos os crentes espiritualmente, de modo a poder o apóstolo concluir: “Todos vós sois um em Cristo”.

Ef. 4: 3-5. Tendo exortado os crentes a andar de uma maneira digna da vocação com que foram chamados (v.1), o apóstolo lhes indica um dos meios de o realizar: “Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (v. 3). Notemos logo aqui que o assunto é a unidade do Espírito, isto é, aquela unidade em Cristo como um só corpo, efetuada, como já vimos, pelo batismo do Espírito Santo. O que Paulo recomenda é que na prática ordinária da vida essa unidade seja mantida entre os crentes pelo vínculo da paz. Em seguida ele dá a razão, mostrando a possibilidade dessa harmonia cristã no fato de já existir essa unidade espiritual: “Há um só corpo (a Igreja invisível e real é uma só e indivisível) e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (o batismo do Espírito Santo, que realiza a unidade espiritual, identificando-nos a todos como membros do corpo único).

Fica, pois, iniludivelmente claro que o batismo do Espírito Santo de que nos falam as Santas Escrituras é aquele ato da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade pelo qual, quando cremos em Jesus Cristo como nosso Salvador, somos unidos ao seu corpo místico, tornando-nos participantes da sua vida ressurreta, como o sarmento participa da seiva da videira.

Antes do dia de Pentecostes, os filhos de Deus estavam dispersos e não unidos em um corpo (João 11: 52): naquele dia o Espírito veio e reuniu (batizou) em um corpo aqueles discípulos em Jerusalém, que eram todos judeus; e, desde então, ele vem unindo ao corpo todos quantos se convertem a Cristo, quer judeus quer gentios.

O batismo do Espírito Santo não é uma experiência emocional, nem é necessariamente acompanhado de sinais visíveis ou audíveis, como supõe muita gente. É simplesmente o ato de nos unir ao corpo de Jesus Cristo, ato que se efetua sem que nós tenhamos dele consciência alguma, e só sabemos que ele se realizou em nós porque Deus o afirma em sua Palavra.

Visto que o batismo do Espírito Santo é que faz de nós membros ou partes do corpo de Cristo, segue-se que, se somos membros do corpo de Cristo, é porque já fomos batizados com o Espírito Santo. Por conseguinte, é grande erro pedir o batismo do Espírito Santo. Se não sois crentes, crede no Senhor Jesus Cristo, e sereis salvos e batizados com o Espírito Santo para vos tornardes membros do seu corpo, sem mais necessidade de pedi-la. Se, porém, já sois crentes, salvos por Jesus Cristo, sois também membros do seu corpo, relação esta em que entrastes em virtude do batismo do Espírito Santo, e, por isso mesmo, não tendes necessidade de pedir o que já tendes.

Como se vê, pedir o batismo do Espírito Santo é manifestar crassa ignorância do ensino das Escrituras sobre o assunto. E, quando sucede que alguém, nessa ignorância, se entrega a prolongados exercícios de concentração psíquica e vem a experimentar emoções estranhas, sensações que dizem inexplicáveis e indescritíveis, acreditando haver nesse momento recebido o batismo do Espírito Santo, nós não podemos deixar de protestar em nome das Santas Escrituras que tais pessoas laboram em grave erro e se expõem a grandes perigos em sua vida espiritual. Aqui podemos dogmatizar pela autoridade da Palavra de Deus: isso não é, nem pode ser o batismo do Espírito Santo.

 

3º O BATISMO DO ESPIRITO SANTO REALIZADO

Até aqui temos visto, pelo ensino claro e insofismável da Palavra de Deus, que o batismo do Espírito Santo é esse ato pelo qual ele une os crentes espiritualmente de modo a formarem o corpo místico de Cristo, o qual é sua Igreja invisível e real. Vimos que houve em todos os tempos pessoas renascidas pelo Espírito Santo, e que, com a vinda de Jesus ao mundo, os que nele creram foram tornados filhos de Deus, mas esses filhos se achavam dispersos, não constituídos em um corpo, pois ainda lhes faltava o vínculo, o batismo do Espírito Santo, que os havia de unir, ligar, formar esse organismo místico, cuja cabeça é o Senhor Jesus Cristo glorificado. (A igreja foi formada depois do pentecoste, portanto depois do batismos com o Espírito Santo. A partir do pentecoste, todos os salvos fazem parte do mesmo corpo - AMB)

A formação desse corpo começou no dia de Pentecostes com a vinda especial do Espírito de Deus para residir nos crentes como selo, penhor, unção e batismo. Sendo o cumprimento de uma promessa especial; importando na inauguração da nova residência da Terceira Pessoa da Trindade na terra, e efetuando o início de uma nova entidade no mundo; que era a Igreja Universal, — não podia esse acontecimento deixar de ser acompanhado de manifestações exteriores, sensíveis, que o autenticassem perante crentes e descrentes.

Assim aconteceu, como narra  Lucas nos Atos (2: 1-4). “E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. Assim se cumpriu, se consumou, o dia de Pentecostes, e consumado estar.

O Pentecostes, tal como se cumpriu naquele ano em Jerusalém, foi acontecimento único, singular, e não há mais Pentecostes.

 

1. A situação foi única na história

a) A festa de Pentecostes era uma das festividades anuais de Israel, as quais tinham sua exata sucessão e sua significação típica. Naquele ano as outras duas festividades que precediam a de pentecostes já tinham visto realizada sua tipologia. A páscoa, cujo simbolismo se concentrava na imolação do cordeiro, cumprira-se na cruz, como o declara Paulo: “Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado por nós” (1 Co. 5: 7), o que dava ao apóstolo ensejo de apelar aos seus leitores para que realizassem a pureza de vida simbolizada nos asmos de que se fazia uso na páscoa e após ela. A festa das primícias, que era celebrada no dia seguinte ao sábado da semana pascoal e consistia principalmente no oferecimento de um molho das primícias do trigo, tinha igualmente sido cumprida em sua significação típica no dia exato de sua celebração pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos “feito as primícias dos que dormem” (1 Co. 15: 20 e 23). Agora, cinquenta dias depois, era chegado o dia exato de se cumprir também o que significava tipicamente o pentecostes. Cumpriu-se, de fato, com a descida do Espírito Santo.

Ora, se as outras duas festas de um só dia tiveram cada uma um só cumprimento, de modo que ninguém tem direito de esperar que Jesus morra e ressuscite muitas vezes, é claro que a terceira festividade, também de um só dia, teve cumprimento em um só acontecimento, não devendo ninguém jamais esperar que o Espírito de Deus tenha de vir do céu muitas vezes, mormente quando é sabido que ele veio para ficar, e continua conosco. Verdade é que Jesus há de vir ao mundo segunda vez; mas não para cumprir de novo a páscoa. Assim também é certo que o Espírito Santo há de ainda ser derramado sobre toda a carne; mas não para repetir o Pentecostes, nem antes que ele volte para o céu levando consigo a Igreja ao encontro do Noivo celeste, e portanto não nesta dispensação e não para a Igreja cristã[2].

b) As pessoas que em Jerusalém estavam reunidas tinham uma promessa especial do batismo do Espírito Santo, que devia se realizar naquele lugar determinado e dentro de poucos dias (Atos 1: 4-5). Nunca mais, em tempo algum, houve um grupo de crentes que pudesse alegar tais circunstâncias. É pura insensatez, ainda que muito bem intencionada, reunirem-se em tempo e lugar que o Senhor não lhes determinou para reclamarem uma promessa que lhes não foi feita a eles, promessa, porém, que o Senhor já cumpriu nos termos em que foi feita.

2. O conjunto de sinais exteriores só essa vez se efetuou

a) Um som ou ruído como de um vento veemente e impetuoso, que encheu toda a casa, e foi também ouvido fora na cidade (v. 6,V.B.).

b) Línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.

c) O “fala em outras línguas” nos dialetos de catorze nacionalidades ali representadas, que os ouviram exprimir-se nos provincianismos das terras donde vieram.

Verificado que a situação histórica do Pentecostes não se pode reproduzir em tempo algum, já porque a significação típica da festa se realizou então de uma vez por todas, à semelhança do que se deu com as festividades da páscoa e das primícias, já porque ninguém, senão aqueles discípulos, recebeu do Senhor instruções e promessas tão definidas para lugar e tempo determinados: verificado igualmente que os fenômenos exteriores da presença do Espírito de Deus no Pentecostes jamais se reproduziram em seu conjunto, podemos ter a mais absoluta certeza de que o Pentecostes nunca se repetiu, não se está repetindo, nem jamais se repetirá.

 RESUMINDO

O Pentecostes foi a vinda do Espírito de Deus para residir na terra, habitando nos crentes, cujos corpos se tornaram santuário de Deus.

Com essa vinda e essa residência, ele veio a ser para nós:

1º Um selo da propriedade que o Senhor tem em nós — nossa relação para com Deus.

2º Um penhor de nossa herança, até que estejamos de posse dela — nossa relação futura.

3º Uma unção pela qual somos separados e consagrados — nossas funções na casa de Deus.

4º Um batismo que nos une ao corpo místico de Cristo — nossa relação para com a Igreja Invisível.

Tudo isso se estabelece de uma vez para sempre no momento em que cremos no Senhor Jesus Cristo como nosso Salvador e, nunca se repete.

Fonte:  Os Puritanos

 

A DIFERENÇA ENTRE BATISMO COM O ESPIRITO SANTO E A SUA  PLENITUDE

 

   1.    Uma palavra sobre o batismo com Espírito Santo e seu enchimento 

   A palavra no Gr “bapto”  deu origem a palavra “baptizo” que significa: mergulhar, afundar, imergir, ensopar. Portanto, o batismo com Espirito Santo  tem a ver com  “um envolvimento pleno no corpo de Cristo”. É impossível ser salvo sem ser batizado nesse corpo, a igreja. Não estou me referindo a igreja organizacional, e sim a igreja invisivel, o corpo mistico de Cristo, composto pelos eleitos. Mas batismo com o Espírito Santo não tem nada a ver com plenitude, fluir  ou enchimento do Espirito, falar línguas estranhas, ou dons espirituais, poder, etc..                                                                                  

As Escrituras provam que há um aspecto  do mover do  Espírito Santo que pode ser uma experiência subsequente a salvação e até hoje, mas não o batismo com o Espírito Santo. Isso não tem nada a ver com batismo.  

Em Jo 20.22 aparece a expressão “receber o Espírito”. Veja:  “E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”, isso tem a ver com a salvação dos discípulos sem o batismo com o Espirito Santo; mas as demais expressões que aparecem em algumas referências a seguir, e noutras não mencionadas aqui, têm a ver com o batismo com Espírito Santo juntamente com a salvação. Batismo com o Espírito Santo e salvação  São inseparáveis. João Batista disse que Jesus batizaria com o Espírito Santo “Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”(Mt 3.11).  O próprio Jesus fez esta promessa “E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.”(At 1.4,5,8). O batismo com o Espirito Santo aqui se refere a sua descida, experiência que não se repetirá mais. Foi uma experiência, de certa forma, para o coletiva. Veja bem, que a salvação dos discípulos  manifestou-se em Jo 20.22, mas só foram batizados com Espírito Santo no Pentecoste  At 1.5. Pois o corpo de Cristo, que é a igreja,   não havia sido formado ainda. E o Espírito Santo ainda não havia descido – Em Jo 20.22 Eles receberam o Espirito da forma do AT. Foi uma experiência subsequente,  porque , repito, quando eles foram salvos o Espírito Santo ainda não havia descido. (essa foi à única exceção em relação batismo com Espírito Santo e salvação, pois o NT nem havia sido ainda estabelecido). Mas tanto o que foi mencionado por João Batista, Jesus e outros em relação o batismos com o Espirito Santo tem a ver com a introdução do salvo, no momento da salvação, no corpo de Cristo. Esse acontecimento de  Jo 20.22 foi a experiência dos apóstolos, em relação ao batismo com o Espírito Santo como experiência subsequente a salvação (At 2.1-4). O Espírito só foi dado depois no pentecoste, pois só depois da glorificação de Jesus aconteceu o pentecoste. “Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado” (Jo 7.39).  Só no pentecoste, então,  eles foram batizados com o Espirito Santo no corpo de Cristo, a igreja. Quando os discípulos  receberam de Jesus o sopro, receberam apenas  uma certa medida  do mover do Espírito. Depois do pentecoste, eles e nós, recebemos o Espirito sem medida (Jo 3.34). Todo salvo recebe o Espirito sem medida no momento de sua salvação, pois se trata de receber a pessoa do Espirito e não uma parte dela.
Em At 2.39 temos uma promessa para todos os chamados por Deus “Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar”. Se considerarmos que todo salvo é um chamado por Deus, então todos recebem a promessa, antes de fazer qualquer coisa para merecer. É impossível alguém ser chamado por Deus e não receber essa promessa. Do jeito que é ensinado por muitos, nem todo salvo recebe o batismos com o Espirito Santo, assim poderia se concluir que existe salvo que não é chamado por Deus, o que seria um absurdo!
Em At 8.14-18  aparecem expressões  como: “para que recebessem o Espírito Santo;...porquanto não havia ainda descido sobre nenhum deles”, tem a ver com o enchimento ou  plenitude do Espirito Santo e não com a salvação. Eles foram salvos com a pregação de Filipe, foram batizados com o Espirito Santo no corpo de Cristo, a igreja; mas não foram cheios do Espirito Santo.  
Em At 19.1-7  Podemos entender sobre esse texto da mesma forma dos fieis de Samaria mencionados acima.

    É impossível alguém ser salvo e não ser batizado com o Espirito Santo e vice-versa. Mas é possível ser salvo, portanto, batizado com o Espírito Santo, e não ser cheio dele.

     

    2. O que é o Batismo com o  Espírito Santo? E o que é o seu enchimento, ou plenitude?

     Enchimento com Espírito Santo significa ser envolvido plenamente por ele – A exemplo da esponja  dentro da mão dentro d’água, ou somente dentro d’água. Se ela estiver dentro da mão dentro d’água, ela estará dentro d’água, mas não envolvida pela água; mas se ela estiver dentro da água, sem o envolvimento da mão, além de estar dentro da água, estará plenamente ensopada  e envolvida pela água.  

      Há vários termos diferentes que Jesus, João Batista e os apóstolos usaram para se referir a estas duas  experiências:

     Batismo com o Espírito Santo (Mt 3.11; At 1.5;19.4;1Co 12.13). (Em relação ao corpo de Cristo, na salvação).
     Receber o dom do Espírito Santo (At 2.38; 10.45). (Em relação à pessoa do Espirito como dom, ou ao que o Espirito Santo pode conceder)
     A promessa do Pai (Lc 24.49; At 1.4; 2.33,39). (Tem a ver com a promessa do Espirito Santo no âmbito geral)
     Ficar cheio do Espírito Santo (At 2.4). (Como já vimos)
     Receber o Espírito Santo (At 8.17; 10.47). (Batismo com Espirito santo no momento da salvação)
     Caiu o Espírito Santo (At 10.44; 11.15). (Envolvimento do Espirito Santo)
     O Espírito Santo derramado (At 2.17,18,33; 10.45). (Tem a ver com a promessa de modo geral).

      Essa plenitude ou enchimento  é um dom, isto é, um presente. Não é um prêmio. Bem como é uma experiência definida e pessoal. Aquele que recebe fica consciente disto (At 19.2). O enchimento do Espirito é um revestimento de poder (Lc 24.49). É a capacitação para ser uma testemunha de Cristo (At 1.8).

      Em Ef 4.4-6 –“há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos”. Se há só um batismo, qual seria? O batismo nas águas ou com o Espírito Santo? Claro, No sentido eterno e espiritual só existe um batismo que é o batismo com o Espírito Santo no corpo de Cristo, que é igreja.

 

     3. O Batismo com o Espírito Santo é a mesma coisa que ser Cheio do Espírito?

     Não.  Paulo disse aos efésios:  “Enchei-vos DO ESPÍRITO” (Ef 5.18). Aqui vemos que Paulo está falando a salvos que já tinham sido batizados com o Espírito santo, mas que precisavam ser cheios. O batismo com o Espírito Santo acontece apenas uma vez, mas o enchimento pode acontecer inúmeras vezes durante a nossa vida cristã. Quando na Bíblia é mencionado “ser cheio do Espírito” e “batismo com Espírito Santo”, não está se referindo a uma mesma experiência. Vemos na Bíblia  pelos ao menos três sentidos em relação ao mover do Espírito santo:

        a) Primeiramente no sentido de batismo, tem a ver com o nosso envolvimento com o  Espírito e no corpo de Cristo. Como já vimos acima, acontece quando o homem é convertido, e é uma experiência única na vida; (1Co 12.13).

 

        b) Vejamos 1Co 12.13 em algumas versões:

        ARA => Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.

        ARC  => Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.

      LH => Assim, também, todos nós, judeus e não-judeus, escravos e livres, fomos batizados pelo mesmo Espírito para formar um só corpo. E a todos nós foi dado de beber do mesmo Espírito.

    BV =>  Cada um de nós é um membro deste corpo único de Cristo. Alguns de nós 

 somos judeus; outros, gentios; alguns somos escravos e outros, livres. Entretanto, o Espírito 

Santo encaixou-nos todos juntos num só corpo. Fomos batizados no corpo de Cristo pelo único

 Espírito, e todos recebemos esse mesmo Espírito Santo.

        King James =>  Pois todos fomos batizados por um só Espírito, a fim de sermos um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres; e a todos nós foi dado beber de um único Espírito.  

       1) Tem a ver com o penhor, garantia (2Co 1.22; 5.5; Ef 1.14).  

       2) Tem a ver com selo (Ef 1.13; 4.30; 2Co 1:22; 2Tim 2:19).     

        (a) O selo tem a ver com direito de propriedade, garantia, sinal de autêncidade de um documento, marca registrada (tanto o batismo neste aspecto como o selo, penhor, são a mesma coisa). 

        (b) Quando uma  pessoa recebe  a Jesus, ela nasce de novo e recebe o selo como garantia da eterna salvação (como se fosse uma parte, uma antecipação relativa  da salvação), que começa aqui e permanece por toda eternidade.

       3) Os outros dois sentidos  são encontrados, no grego, língua em que foi escrito o NT, em duas  expressões diferentes em relação ao enchimento com ES.  Estas expressões são diferentes e descrevem experiências diferentes, mas que são traduzidas para o português como se fossem uma experiência só: "o enchimento do Espírito".

        a) A primeira expressão é: "γεμίσει με το Άγιο Πνεύμα", Esta expressão significa "ficar cheio", mas dá a entender que antes não estava cheio.  A mesma aparece em textos como:                                     

         (1)  Lc 1.15 - João Batista; 

         (2) Lc 1.41 - Isabel;

         (3) Lc 1.67,68 - Zacarias; 

         (4) At 2.3,4 - Pentecostes; 

         (5) At 4.8 - Pedro;   

         (6) At 4.31 - os discípulos;

         (7) At 9.17 - Paulo;            

         (8) At 13.9-11 - Paulo novamente.    

        É uma experiência repentina e momentânea, bem definida, mas não uma continuidade. É dada para cumprir um determinado trabalho. É revestimento de poder para testemunhar, para profetizar, para fazer a obra de Deus. Neste caso pode acontecer apenas uma vez, ou pode acontecer mais vezes, no aspecto momentâneo, e para desenvolver uma tarefa especifica. Tem a ver com a manifestação dos dons espirituais (1Co 12).                                                                                                                             

         b) Segunda  expressão é: "γεμάτη από το Πνεύμα", Esta expressão significa "ser cheio", mas não como uma experiência do momento, e sim como uma continuidade. Não está relacionada, necessariamente,  com uma obra a fazer mas sim com a vida cristã a viver. Aparece nos textos de: 

             (1) At 6.3 - os diáconos;  

             (2) At 7.55 - Estêvão;      

             (3) At 11.24 - Barnabé;  
            (4) Em Ef 5.18 – vemos uma  ordem para se encher do Espírito, experiência que pode ser buscada e tem a ver com uma constante. Mas em nenhum texto da Bíblia vemos alguma ordem ou  orientação ao salvo, depois do Pentecoste, para ser batizado ou buscar o batismo com o Espirito Santo.  Os textos onde aparece a primeira expressão “γεμίσει με το Άγιο Πνεύμα”, dão a ideia de “ser cheio de fora para dentro" (o que combina com as palavras "caiu" e "derramado").  Já a outra expressão "γεμάτη από το Πνεύμα", dá a entender um enchimento de dentro para fora. A primeira é um derramamento, a segunda, é um trasbordamento. A primeira nos dá poder para uma tarefa especifica a segunda, nos enche de vida em um processo continuou. A primeira é para testemunhar, falando de Cristo, para evangelizarmos; a segunda, é para mostrar o caráter e a bondade da grandeza  de Cristo. A primeira, nos capacita para manifestar os dons do Espírito Santo descritos em 1Co 12.4-11, a segunda, nos capacita para manifestar o fruto do Espírito  e os dons ministeriais descritos em G1 5.22, 23 e Ef 4.11. A primeira é uma experiência definida e pode ser passageira. A segunda é um processo constante de crescimento.

 

      4. Diferença entre dons espirituais e o fruto do Espírito. O fruto é gerado em nosso caráter, os dons se manifestam em nosso viver diário. O fruto tem a ver com a nossa vida cristã com Deus; os dons têm a ver com o nosso ministério ao próximo. Neste sentido  pode e deve acontecer constantemente (Ef 5.18). O fruto tem a ver também com o andar no Espírito (Gl 5.16,25). O andar é uma consequência a partir do batismo (conversão). O andar é o viver da vida abundante de Cristo em nós (Jo 10.10; Gl 2.19,20); é o reinar com Cristo, (Rm 5.17);  é ser guiado por ele, pelo Espírito (Rm 8.14). Todo salvo: tem o Espírito Santo (Rm 8.9; 1Co 6.19); é batizado com Espirito Santo na conversão (1Co 12.12,13 ;1Jo 2.20,27). Mas nem todo salvo é cheio do Espirito; nem todos andam constantemente cheios do Espirito. Vejamos os textos seguintes: At 2.4 em comparação com At 4.29-31. Os mesmos que foram cheios no pentecoste foram cheios novamente nessa outra ocasião.

 

Versículos com as expressões “batizará, batizados com Espírito Santo”:

       Em Mt 3.11 “...Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. Em 1Co 12.12,13; em At 1.5 “Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”  tem a ver com o batismo de 1Co 12.12,13. Eles só seriam batizados no corpo depois do pentecoste, pois o Espirito Santo ainda não tinha vindo (Jo 7.37-39),  e o corpo, a igreja, ainda não existia. Não estava formado. Em  At 11.16  estão escritas as palavras de Pedro: “Então, me lembrei da palavra do Senhor, quando disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo. Se refere a Mt 3.11. Veja esse texto: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (1Co 12.12,13)

 

    5. Para ser cheio com Espírito Santo é necessário falar em outras línguas? Não, necessariamente, mas pode falar.

    a-  Da lista de manifestações do Espírito Santo que aparece em 1Co 12.7-10, a única que não aparece no Velho Testamento é o falar em línguas. Tudo indica que Deus reservou este dom, o falar em outras línguas, para o derramamento do Espírito, porque só no pentecostes que ele surgiu. No pentecostes eles falaram em outras línguas (At 2.4).

    b-  Na casa de Cornélio eles falaram em outas línguas (At 10.46). Em Éfeso eles falaram em outras línguas (At 19.6). Em Samaria não diz o que aconteceu, mas houve alguma manifestação  exterior, visível (At 8.17,18). Sobre Paulo é que não fala nada (At 9.17), mas em 1Co 14 vemos que ele falava em línguas. Não há nenhum texto que fale claramente que só recebe o enchimento com  Espírito Santo quem fala em línguas. Não há nenhum ensino e doutrina sobre isto; só temos descrição de experiências. Por isso devemos estar abertos para aceitar o fato de que alguém seja cheio do Espírito Santo sem falar em línguas. Creio, particularmente, que as línguas estranhas podem se manifestar na vida de qualquer pessoa salva e que esteja andando no pleno mover do Espírito. Todavia tenho todas as reservas desse falar em línguas estranhas nos meios pentecostais. É possível que uma boa parte das línguas estranhas faladas nesse meio, não tenha nada a ver com o mover do Espírito. Passei três décadas da minha vida nesse meio e conheço muito bem as meninices praticadas nessa área. Essa reserva em relação as linguas estranhas se aplica, a meu ver, também no que se refere aos dons, que dizem espirituais. Creio plenamente na verdadeira manifestação dos dons espirituais para hoje, não da forma que exploram por aí. Mas veja bem, respondendo a pergunta acima, para se falar em outras línguas ou para manifestar quaisquer outros dons tem que estar batizado com o Espírito Santo, uma vez que o batismo com Espirito Santo acontece na salvação. Se alguém não é batizado com o Espirito Santo, também não tem o Espirito e se alguém não tem o Espirito de Cristo, esse tal não é dele (Rm 8.9). Portanto, não é salvo. Se não é dele não tem como exercer algum dom espiritual. É impossível falar em línguas estranhas  sem ser batizado com o Espírito santo; mas é possível ser batizado com o Espírito Santo sem falar em línguas estranhas.                                                  

   6. O  que é plenitudo do Espírito Santo?

     a- É o enchimento do Espírito e o controle total dele nas nossas vidas em todos aspectos; e o viver de acordo com a exortação do apostolo Paulo em Ef 5:18  “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito". Viver na plenitude do Espírito é viver na sua inteira dependência. É ser conduzido e fortalecido constantemente por ele. É ainda destronar o nosso ego do centro de controle  e comando de nossa vida e deixar que Jesus seja entronizado com plenos poderes para conduzir os nossos passos. Ser cheio do Espírito neste nível é ser cheio de Jesus e da Palavra de Deus”.  

 

Veja aqui a parte 01  

 

 Pr Aramisio Borges    


 

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