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Definição Teológica, Científica e Filosófica do Amor

06/03/2016 10:37

Definição Teológica, Científica e Filosófica do Amor

Considero as palavras do Apóstolo Paulo aos coríntios a maior definição do amor, no aspecto teológico e filosófico, em toda a história, veja: "O amor é muito paciente e bondoso, nunca é invejoso ou ciumento, nunca é presunçoso ou orgulhoso, nunca é arrogante, nem egoísta, nem tampouco rude, o amor não exige que se faça o que ele quer. Não é irritadiço nem melindroso, não guarda rancor e dificilmente notará o mal que outros lhe fazem. Nunca está satisfeito com a injustiça, mas se alegra quando a verdade triunfa. Se você amar alguém, será leal para com ele, custe o que custar. Sempre acreditará nele, sempre esperará o melhor dele, e sempre manterá em sua defesa”. BV (1Co 13.4-7

     a.   Dentro da Filosofia grega o amor é expressado  de várias  formas:

  A palavra amor (do latim amor) presta-se a múltiplos significados na língua portuguesa. Pode significar afeiçãocompaixãomisericórdia, ou ainda, inclinaçãoatraçãoapetitepaixãoquerer bemsatisfaçãoconquistadesejolibido, etc.

O conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objeto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e enviar os estímulos sensoriais e psicológicos necessários para a sua manutenção e motivação. É tido por muitos como a maior de todas as conquistas do ser.

Dentre  várias formas do amor, estudadas a partir da filosofia grega,  podemos destacar  três, que são:

     1) Amor Ágape - amor altruísta; espiritual – O amor de Deus. Essa forma de amor engloba também o amor Fileo. Pois é o amor que visa em primeiro lugar o bem do outrem e essa forma de amar tem a ver também com o amor fileo. Esse amor tem mais a ver com a razão.

     2) Amor Fileo  - “Em grego, Philia, significa altruísmo, generosidade. A dedicação ao outro vem sempre antes do próprio interesse. Quem pratica esse estilo de amor entrega-se totalmente à relação e não se importa em abrir mão de certas vontades para a satisfação do ser amado. Investe constantemente no relacionamento, mesmo sem ser correspondido. Sente-se bem quando o outro demonstra alegria. No limite, é capaz até mesmo de renunciar ao parceiro (a) se acreditar que ele pode ser mais feliz com outra pessoa. É visto por muitos, como uma forma incondicional de amar. Também tem mais a ver com a razão”.

A interpretação cristã sobre Jesus, engloba este tipo de amor para descrever o ato de Deus, que, ao ver a humanidade perdida, entrega seu filho unigênito, para ser morto em favor do homem.

      3) Amor Eros  - Esse amor tem a ver com o sentimento entre um homem e uma mulher. Envolve sentimento, paixão, prazer, êxtase, sexo etc. Esta é a única forma de amor que, em si, necessariamente, não é envolvida pelo amor ágape (apesar  de está no mesmo coração e espaço em que pode estar o amor ágape). Envolve intensamente as emoções, as estruturas psíquicas e sentimentos. “Eros representa a parte consciente do amor que uma pessoa sente por outra. É o amor que se liga de forma mais clara à atração física, e frequentemente compele as pessoas a manterem um relacionamento amoroso continuado. Nesse sentido também é sinônimo de sensualidade que leva a atração física e depois às relações sexuais”.

       Qualquer pessoa pode amar nessas três formas do amor. Só que  no coração do homem as duas primeiras formas, normalmente são relativas, limitadas e imperfeitas. No coração de Deus elas são absolutas, ilimitadas, perfeitas. No coração humano essas duas formas de amor manifestam na medida em que são derramadas pelo Espírito Santo, veja Rm 5.5.

        Já o amor eros é a capacidade nata com a qual Deus habilitou cada ser humano para amar. Ele pode ser superficial, profundo, intenso, egoísta, possessivo, apaixonado, incompreensivo, inexplicável, pode ser bom, pode ser até mau, virar paixão doentia. Se ele for desprovido da forma fileo e ágape, pode ser até doentio. Temos visto tantas tragédias praticadas pelo ser humano em nome desse amor. Quando esse sentimento original do amor, como capacidade  advinda de Deus ao homem, se desvia do seu curso normal, não deveria ser chamado mais de amor e sim de obsessão. Na forma original esse conceito de amor é, também, perfeita, saudável, construtiva, que produz prazer em ambas partes. Mas quando a mesma é alterada, pervertida e deturpada, tudo muda de positivo para negativo. Quando esse amor deixa o principio da razão para exercer apenas a emoção, se transforma em uma paixão obsessiva.

       “A paixão é um forte sentimento que se pode tonar até mesmo como uma patologia provinda do amor. Manifestada a paixão em devida circunstância, o indivíduo tende a ser menos racional, priorizando o instinto de possuir o objeto que lhe causou o desejo. Sendo assim, o apaixonado pode transcender seus limites no que tange a razão e, em situações extremas, beira a obsessão.

Essa atração intensa e impetuosa está intimamente ligada à baixa de serotonina no cérebro: substância química (neurotransmissora) responsável por vários sentimentos e patologias, dentre eles a ansiedade e o estresse; a depressão e a psicose obsessiva-compulsiva”.

     b. O Amor na forma de paixão e loucura

     Estudos têm demonstrado que o escaneamento dos cérebros dos indivíduos apaixonados exibe uma semelhança com as pessoas portadoras de uma doença mental. O amor (nesse caso paixão) cria uma atividade na mesma área do cérebro que a fome, a sede, e drogas pesadas, criando atividade Polimerase. Novos amores, portanto, poderiam ser mais emocionais do que físicos. Ao longo do tempo, essa reação ao amor muda, e diferentes áreas do cérebro são ativadas, principalmente naqueles amores que envolvem compromissos de longo prazo. O Dr. Andrew Newberg, um neurocientista, sugere que esta reação de modificação do amor é tão semelhante ao do vício às drogas, porque sem amor, a humanidade morreria.

    c. A Neurobiologia do “estar apaixonado”

   Na área da neurobiologia, existem estudos apoiados em resultados de eletroencefalografia e no registro das correntes elétricas que ocorrem no cérebro durante o estado “paixão”, comprovam que apresenta a mesma elevada atividade como aquela registrada durante a libido. Quando alguém se apaixona registra-se maior produção de dopamina, responsável pelo estado de euforia, adrenalina, responsável pela excitação, a endorfina, pela sensação de felicidade e bem estar e finalmente eleva a testosterona que contribui para a maior apetência sexual do homem. Simultaneamente são libertados substâncias químicas, os feromônios ou feromonas que exercem atração olfativa em animais da mesma espécie. Por outro lado diminui drasticamente o nível de serotonina, o que faz com que o estado “estar apaixonado” se assemelha ao estado registrado durante as doenças psíquicas. Por isso muitos apaixonados se comportam mais impulsivamente, sem inibição como se estivessem fora do seu controle racional. Após alguns meses, o corpo se acostuma as estas elevadas doses (segundo a OMS - Organização Mundial da Saúde, dura no máximo 24 a 36 meses) e diminui gradualmente a “intoxicação” do cérebro. Quando isso acontece aquela paixão quase irracional deixa de existir. Se todo esse sentimento de paixão não for adjunto  da premissa de um verdadeiro amor (por exemplo: do amor ágape e fileo), pode até desaparecer; mas o amor verdadeiro pode permanecer por toda a vida 
      d. O amor humano – podemos chamar esse sentimento bom e de bem que todo ser humano tem de amor. Tudo ser humano por pior que seja, tem um sentimento de bem no seu coração, que pode ou não ser desenvolvido. Assim também, toda pessoa por melhor que seja tem em seu coração um dispositivo para o mal, que pode ou não ser desenvolvido. Mas a Bíblia menciona também o “amor de Deus” (Rm 5.5) e o “amor de Cristo” (2Co 2.14). Paulo faz essa diferenciação exatamente para destacar o “amor divino” ou ágape, do amor humano. O que não é divino é humano. Esse amor humano não tem nada a ver com a salvação. É algo que Deus dispôs a todo ser humano que nasceu e há de nascer neste mundo. Esse sentimento humano pode ser associado ao cônjuge, ao seu bem material, ao seu animal de estimação, ao amigo, até mesmo ao próximo de um modo geral. O amor ágape (divino), é absoluto, sublime, pleno e perfeito; já o amor humano é relativo em todos aspectos. Mas quando amamos com o amor de Deus, que está derramado em nosso coração, podemos amar ao nível de Deus. Esse é o amor narrado em 1Co 13.

      e. A Diferença entre as modalidades Ágape Fileo e Eros  no Relacionamento conjugal 
     Uma pessoa pode amar  o seu cônjuge com as essas três  modalidades de amor. Acima de tudo ela ama com o amor ágape, esse, como Paulo disse em 1Co 13 (deves ler sempre), nunca acaba e nem sofre oscilação, mas a segunda pode diminuir e até acabar. Mas quando se ama com a primeira forma o relacionamento pode durar a vida inteira, até que a morte os separe.
         Aqui jaz uma confusão muito grande entre os casais. Eles se perguntam: se se amavam no início do casamento, e o amor jamais acaba, então por que não permanece amando?  Sim, se se amavam da forma ágape, no inicio do casamento, e se souberam cultivar a prática desse amor, ele jamais acaba. Mas o amor eros, o amor do libido, da paixão, da atração sensual, esse pode desaparecer. Não se deve aqui confundir, porque a Bíblia diz que o amor de Deus, que é eterno, (o ágape) é derramado em nossos corações (Rm 5.5); e da mesma forma que ele é derramado em nossos corações, ele pode deixar de exercer influência sobre nós uma vez que não seja praticado racionalmente por nós. Veja bem, ele é racional, eu preciso querer exercê-lo, senão até ele deixa de existir no nosso coração. Mesmo assim, ele continua eterno, mas não em nosso coração.

       Em relação ao relacionamento conjugal, mesmo quando o amor eros deixa de existir, o casamento pode, e deve, durar a vida inteira. Porque se um cônjuge ama o outro com o amor ágape e fileo, não vai querer ser egoísta, rude, fazer o que se quer, ficar satisfeito com a injustiça, magoar o outro. Veja o que o texto sagrado diz: "Se você amar alguém, será leal para com ele, custe o que custar. Sempre acreditará nele, sempre esperará o melhor dele, e sempre manterá em sua defesa”. Aqui se trata do amor ágape. Portanto, a coluna de sustentação de uma casamento, não é o amor eros e sim o ágape que envolve também o fileo. Como o amor eros depende das emoções, é instável e circunstancial; mas o mesmo não acontece com o amor ágape, pois o mesmo depende da razão, por isso é tolerante, imutável, eterno e estável. 

        Pode surgir aqui uma pergunta: Posso ser feliz no casamento, se por ventura desaparecer o amor eros e ficar somente o ágape?  A resposta vai depender do que se define por felicidade. Não creio na felicidade de uma pessoa em detrimento a felicidade de outrem. E no caso do casamento, um rompimento por não haver mais amor eros, ou por nunca ter havido, estaria errada pelo fato da decisão tomada por uma das partes. Isso causaria muitas dores provocadas pela decisão e transtornos. E a pessoa da decisão estaria sendo egoísta, rude e injusta. E ninguém poderia ser feliz sendo causadora desses dissabores a outra. Nem teria o direito de ser feliz assim!!  Creio que a felicidade, no que se refere ao relacionamento, está no fato de podermos amar o próximo incondicional e independentemente das nossas pretensões egoístas e carnais, (e isso se aplica a toda relacionamento.  Não só entre um casal; também entre pais e filhos, patrão e funcionário; entre irmãos, professor e aluno, vizinhos etc.) O amor eros tem o seu papel indispensável no casamento, mas a sua influência precisa está governada, dosada e regida pelo amor ágape.

Pr Aramiso Borges

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