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Aprenda viver bem com Deus e com seus impulsos sexuais - Parte 04

06/03/2016 10:47

As Consequências de um Pecado Sexual

Comecemos com Davi. Não apenas por causa de seu pecado com Bate-Seba. Nem porque sua história ocupa tantos capítulos da Bíblia. Nem porque seu pecado seja incomum. Começo com Davi simplesmente porque ele é último homem que esperávamos ver metido numa complicação dessas. Afinal, Davi foi o herói que matou Golias com uma pedrinha; foi um poeta que escreveu a maioria dos salmos; foi um místico que buscava a Deus fervorosamente; foi um rei escolhido por Deus, a respeito do qual ele disse: “um homem segundo o meu coração”. E, no entanto, Esse homem, Davi, cometeu adultério, e depois ordenou que outro fosse morto a fim de encobrir seu pecado. Atendendo aos clamores de seus hormônios,  em vez de dar ouvidos à razão, envergonhou e desgraçou a si mesmo, sua família e seu reino.

Todos conhecem a história. O rei estava tirando uma soneca no terraço de seu palácio, à tardinha. Quando acordou, pôs-se a caminhar por ali e “daí viu uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa”. (2 Sm11.2.)

E quanto mais Davi olhava para ela, mais se inflamava seu apetite sexual. Seu sangue se aqueceu, enquanto seus olhos se voltavam para aquele corpo formoso. E ele a observava ao clarão do sol poente.

Essa simples frase “daí viu” está carregada de um mundo de significado. Davi dirigiu seus olhos para aquele belo corpo nu. Infelizmente, naquele momento, foi só isso que ele viu. E o que ele deixou de ver é altamente revelador. 

Ele não levou em consideração as consequências - a perda prematura de quatro de seus filhos, que iriam morrer por causa do que ele estava planejando em seu coração. Ele não previu o senso de culpa, de vergonha, não previu a morte de um  homem,  nem a perda do reino. Naquele instante, essas coisas nem lhe passavam pela cabeça. O amanhã não tinha a menor importância. Talvez ele até passasse por tudo aquilo sem ser descoberto, e ninguém ficaria sabendo. E, além disso, se ele não convidasse Bate-Seba para passar a noite ali, ficaria sempre imaginando como seria ela realmente; e depois se lamentaria de não haver aproveitado a maravilhosa oportunidade de desfrutar de seus encantos sexuais. Ele começou a criar fantasia sobre a sedução de uma mulher que não conhecia. E mais: acreditava que poderia fazê-la sentir-se mais mulher, plenamente realizada.

Analisemos o que aconteceu. Ali, naquele terraço, Davi tomou a decisão de convidar Bate-Seba para vir ao palácio. Se fosse rejeitar a tentação, teria que fazê-lo naquele momento. É possível que ele tenha pensado: Posso ter prazer só em admirar essa mulher por algum tempo, e depois decido se a convido para ir ao meu quarto.

Pode ser que sim e pode ser que não.

A hora certa de se rejeitar o pecado sexual é o instante em que a paixão desperta. Se dermos lugar à lascívia, ficará mais difícil resistir à paixão. E o passar do tempo não facilita a decisão certa; pelo contrário, a cada momento que passa é mais provável optarmos pelo pecado. Aqueles que lêem publicações pornográficas, por exemplo, já resolveram que vão cometer adultério mental; assim sendo, já decidiram também cometer o ato de adultério. A única coisa que não está decidida é com quem quando.

Cedendo às Pressões do Prazer

O fato de Davi ficar contemplando Bate-Seba longamente foi idêntico a cortar as cordas do ancoradouro e sair a navegar numa corrente cuja velocidade e força aumentavam rapidamente. Cada momento que passava tornava-se mais e mais difícil voltar à terra firme. Mas Davi não pensava em como e quando voltaria. Estava desfrutando da sensação de ser levado rio abaixo, pela vibração que sentia no corpo. Cedeu ao prazer do momento. Esqueceu as perigosas corredeiras que havia mais adiante.

O passo seguinte já era de se esperar. Ele enviou mensageiros para convidá-la a vir ao palácio. Fico a imaginar o que ele teria dito aos seus servos. Talvez ele tenha feito uma observação casual, sobre sua vontade de conhecer melhor seus vizinhos, e queria saber quem morava duas casas abaixo do palácio; ou talvez, depois de saber que ela  era mulher de Urias, um de seus mais valentes soldados, ele pode ter lançado mão do artifício de querer entender melhor o problema das mulheres cujos maridos se encontravam na frente de batalha. Seja qual for a desculpa que arranjou, deu certo. O terceiro ato foi que “ele se deitou com ela” (2 Sm 11.4). Não sabemos até onde Bate-Seba concordou com Davi. Será que ela cedeu pelo prestígio que lhe traria o fato de ter estado no leito do rei? Será que tinha uma afeição real por Davi? Será que amava Urias, seu marido? Nunca o saberemos.

Também nunca saberemos se Davi pensou na possibilidade de ela ficar grávida. Pode ser que ela tivesse dito a ele que naquele período do mês não havia perigo, ou talvez pensasse que não tinha condições de ter filhos. O mais provável é que não tenham parado muito tempo para pensar nisso - os apetites tinham que ser satisfeitos, fossem quais fossem as consequências. Qualquer problema que surgisse, poderia ser contornado depois. Só o momento presente importava.

E se Bate-Seba não tivesse engravidado? É possível que o caso deles nunca tivesse sido descoberto. Urias não teria sido morto, e o reino de Davi permaneceria estável.

Mas será que podemos ter certeza disso? Se entendemos corretamente o que é pecado, sabemos que não podemos escapar ao juízo de Deus - mesmo que nossas ações não sejam conhecidas pelos homens. Iremos ver que o pecado deixa outras consequências próprias, escondidas, além da vergonha de uma exposição pública. Além disso, não podemos ter certeza de que aquela ligação de Davi com Bate-Seba continuaria sendo secreta. E se Bate-Seba, dominada pelo sentimento de culpa, contasse ao marido? Ou pode ser que ela usasse desse segredo para chantagear o rei. É possível também que os servos que foram buscá-la já desconfiassem do que se passara entre os dois. O que sabemos é que ela engravidou e mandou a noticia a Davi.

A Ocultação do Erro

Então o rei teve de encarar o fato de que aquele seu simples caso já não era tão simples assim. Um relacionamento que iniciara pelo consenso de dois adultos, de repente envolvia uma terceira pessoa: uma criança estava para nascer. Urias também estava envolvido no problema. Davi resolveu então que faria com que Urias pensasse que a criança era dele. O rei fora posto em posição de cheque-mate. Ele perdera o primeiro jogo, mas não perderia o campeonato.

Executa-se o Plano A. Davi pediu que Urias fosse enviado a Jerusalém a fim de informá-lo do andamento da peleja em Rabá. Como estavam eles - ganhando ou perdendo? O rei indagaria a ele. Em seguida, mandaria o soldado para casa, na esperança de que ele tivesse relação sexual com sua bela esposa. E o rei ainda lhe daria um presente para ela, desejando que isso criasse uma aura de romantismo que levasse o casal para o quarto.

Mas Urias não entrou no jogo de Davi. Não sabemos que suspeitas ele pode ter tido. Será que ele pensou: “Porque todas estas atenções e privilégios especiais?” E disse a Davi que não iria para casa, pois ficaria com sentimento de culpa se fosse para casa alegrar-se com sua esposa, enquanto seus companheiros estavam enfrentando situações difíceis na guerra. E firmemente recusou a oferta do rei.

A essa altura, Davi já estava desesperado. Tinha que fazer com que Urias fosse para casa, para que seu pecado não fosse descoberto. Afinal, isso era para o bem da família real e de todo o reino.

Então surgiu o Plano B. O rei solicitou a Urias que ficasse ali mais um dia, para que os dois pudessem almoçar juntos. E fez com que ele se embebedasse, com esperança de que, à noitinha, ele fosse para sua casa. Mas aquele homem leal ficou com os servos de Davi e não foi visitar a esposa.

Se Urias tivesse ido para casa, e tivesse tido relações sexuais com a esposa, será que isso acertaria as coisas para Davi? Bate-Seba teria que ser obrigada a dizer e viver uma mentira. Teria que fingir que a criança era filho do marido, e mentir acerca de um nascimento “prematuro”. E aquela criança seria um constante lembrete do doloroso segredo que tinha de ser guardado a custa de muitos enganos.

E Davi teria de continuar para sempre com aquela culpa de haver gerado um filho, que mais tarde poderia vir a descobrir sua verdadeira identidade. O rei teria que guardar este segredo no coração, sabendo que sua ação teria graves consequências na vida da criança. E viveria também com o temor constante de que Bate-Seba contasse a Urias. E se ela não conseguisse suportar o peso de sua culpa? E havia também o relacionamento do rei com suas esposas -como elas seriam afetadas pelo caso que o marido tivera?

Mas voltemos à história.

Davi passou à execução do Plano C. Era seu trunfo. Resolveu que Urias seria morto na batalha, para que Bate-Seba pudesse tornar-se sua esposa. Entregou ao soldado uma carta dirigida a Joabe, seu comandante militar. Em parte, ela dizia o seguinte: “Ponde Urias na frente da maior força da peleja; e deixai-o sozinho, para que seja ferido e morra.” (2 Sm 11.15.)

Por que um homem bom se torna um assassino? Por que um homem bom manda matar um amigo que é tão leal, que ele próprio é encarregado de levar a carta ao seu comandante sem abri-la? A vergonha faz com que manipulemos as consequências do pecado. Desde os tempos mais antigos o homem tenta escapar ao castigo de Deus. A mente humana é capaz de racionalizar qualquer ato que seu coração desejar praticar. Pagamos qualquer preço para parecermos bonzinhos. A melhor coisa que Davi poderia ter feito seria reconhecer seu pecado diretamente, apesar de toda a vergonha e humilhação que isso acarretaria. Mas, em vez disso, ele foi somando um erro a outro, e o castigo divino aumentando proporcionalmente.

Joabe obedeceu às ordens do rei, e depois um mensageiro voltou a Davi para lhe dizer que Urias fora morto em combate. E ele simplesmente replicou o seguinte: “Não pareça isto mal aos teus olhos; pois a espada devora, assim este como aquele.” Era como dizer tranquilamente: “Bom, isso é da vida; um dia a gente ganha; outro, perde.”.

Como estavam funcionando as medidas de acobertamento? Bate-Seba sabia do fato, bem como Joabe; e provavelmente os servos também o sabiam. É provável que outros também tenham ficado com suspeitas, por ocasião do nascimento da criança. E Davi sabia, como confessou depois: “meu pecado está sempre diante de mim”.

Mas o mais importante é que Deus o sabia. Nenhum pecado fica oculto dele. E ele tomou providências para que as tentativas de ocultamento eventualmente fossem removidas.

E nisso está a ironia de tudo: nós, seres humanos, na maioria das vezes estamos mais preocupados com o que as pessoas sabem do que com o que Deus sabe. E, no entanto, é o divino legislador quem supervisiona pessoalmente o castigo a ser ministrado àqueles que ferem sua autoridade. E por mais que procuremos cuidadosamente esconder nosso pecado dos homens, ele está descoberto perante os olhos de Deus. O autor de Hebreus, com muito acerto, escreveu o seguinte: “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as cousas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.” (Hb 4.13.)

Continua... Leia mais: PARTE 01PARTE 02PARTE 03PARTE 05

 

Fonte: Do Livro: "Aprenda viver bem com Deus e com seus impulsos sexuais". Publicado pela Editora Betânia, Caixa Postal 5010 - 30000 Venda Nova, MG


 

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